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publicado dia 28 de novembro de 2018

Milton Santos e a humanização da geografia

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Muito se fala sobre Milton Santos (1926-2001) e sobre como o geógrafo nascido em Brotas de Macaúbas (Bahia), primeiro e único brasileiro a ganhar o prêmio Vautrin Lud, em 1994, considerado o Nobel da Geografia, revolucionou a área no Brasil e no mundo. Mas, afinal, quem foi ele e que contribuição deixou para o estudo das cidades e territórios?

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Em poucas linhas, sua relevância se explica pelo fato de ter trazido um olhar inédito para a questão da urbanização nos países em desenvolvimento e para a globalização ainda na década de 1990. Tendo vivido maior parte da sua vida em São Paulo, Milton Santos esmiuçou recortes que até então não eram considerados pela geografia descritiva, dando ênfase, por exemplo, para a importância e influência do território em seus habitantes.

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Seu trabalho e produção científica buscou entender, sobretudo, o espaço a partir de uma abordagem humanista e abarcando seu passado histórico. Defendia o estudo das características locais dos territórios para então analisar suas possibilidades de diálogo com cenários mais globais. “Cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local, convivendo dialeticamente”, escreveu em sua obra A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção, que ganhou o prêmio Jabuti de 1997 como melhor livro de ciências humanas.

Milton Santos trouxe um olhar inédito para a questão da urbanização nos países em desenvolvimento e para a globalização

Para Milton, era nessa intersecção que o espaço ganhava sua dimensão cultural e simbólica. Sobre a globalização, apontava três espécies do fenômeno. O mundo tal como nos fazem vê-lo consistia na globalização como fábula; o mundo como ele de fato é, na globalização como perversidade; e por fim, o mundo como ele pode ser seria a outra globalização possível.

Esta última deveria inverter a lógica do capital, privilegiando a humanização e a democratização do mundo, incorporando os avanços tecnológicos sem, contundo, destruir a diversidade. Só assim seria possível promover a convivência entre o universal e o local a favor de todos. “Antigamente as grandes nações mandavam seus exércitos conquistar territórios e o nome disto era colonização. Hoje as grandes nações mandam suas multinacionais conquistar mercados e o nome disto é globalização”, disse.

Desde meados dos anos 50, Milton Santos atuou como docente. No entanto, seu ponto de vista, considerado disruptivo para a época, o levou ao exílio durante a ditadura militar, entre 1964 e 1977, período no qual lecionou em diversidades universidades do mundo. Foi professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), onde deu aulas mesmo após sua aposentadoria.

Saiba mais

Seu legado científico e outros materiais sobre o autor estão reunidos no site Milton Santos, produzido por sua família.

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