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Como ampliar a interação entre pessoas e cidades transformando postes?

Publicado dia 21 de dezembro de 2016

Um poste não é só um poste. Ele é uma escolha: em algum momento do desenvolvimento urbano decidiu-se – por conveniência ou por falta de imaginação e verba – que assim seria transmitida a eletricidade e a telefonia em nossas cidades. Vão-se as pipas, cortam-se os galhos das árvores, os pássaros ganham poleiros artificiais, nossos céus recortados paralelos e as calçadas, bom, fora as pessoas e cidades, quem precisa de calçadas?

Estes pequenos obeliscos da eletricidade, parados aos milhões pelas cidades, não deixam de contar histórias. E com uma aproximação certeira, podem despertar potenciais educativos, ações comunitárias e novos usos para a infraestrutura urbana.

Quem comprova isso na prática é o Coletivo Escala Humana, que desenvolveu uma metodologia de ocupação destas colunas urbanas, propondo novas maneiras de entender e desenvolver o espaço urbano. Confira os passos dessa transformação.

potenciais educativos

#1 Justificativa

“Trata-se de uma infraestrutura subutilizada que visualmente não faz sentido nenhum para a cidade”, aponta Dayana Araújo, uma das integrantes do coletivo que realiza as #PostesParades em São Paulo, em entrevista ao Portal Aprendiz. Nas cidades brasileiras, a responsabilidade sobre os postes varia entre as concessionárias de eletricidades e as prefeituras.

A partir dessa indefinição, o coletivo acredita que é possível recuperar a escala humana e criar novos atrativos capazes de estimular a caminhabilidade e a ação entre pessoas e cidades.

O Coletivo também avisa que a ideia do projeto é facilmente replicável, simples, rápida e barata.

#2 Como?

Para começar, é importante mobilizar o grupo que irá fazer a intervenção, como por exemplo, vizinhos, amigos, coletivos e/ou escolas. A partir desse encontro, é recomendado abrir um mapa e apontar pontos de interesse. Após esse momento, é hora de  sair pelas ruas, identificando os pontos de memória afetiva e os postes que serão transformados.potenciais educativos

Sugere-se que o momento da caminhada seja utilizado para discutir o que é caminhabilidade e qual sua importância para o desenvolvimento da cidade. Ao se reunir em torno de um poste, faça as perguntas para o grupo: o que é um poste? O que, além de um poste, ele poderia ser? Quais são seus possíveis usos? Qual recado você deixaria para sua cidade? O que os postes podem dizer sobre o espaço urbano? Qual recado você deixaria para as pessoas da sua cidade?

#3 Modos de fazer

Os modos de se fazer e ocupar os postes podem ser tão vastos quanto a imaginação de quem realizará a intervenção ou tão amplos quanto as respostas obtidas após o primeiro momento. Ainda assim, o Coletivo propõe duas estratégias: o Poste Horta e os Recados Urbanos.

Para fazer um Poste Horta, será necessário sapateiras de parede, de um cabo de aço fino, alicate, um conector em barras (de amarrar fio de chuveiro), uma chave de fenda, fitas de cetim, caneta grossa, papéis sulfites coloridos com mensagens impressas para fazer lambe-lambe, cola branca, rolinhos de pintura e terra com húmus/fertilizante e mudinhas de plantas ornamentais ou de tempero.

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Com os materiais em mão, meça o cabo de aço no poste, deixando com uma sobra de 20 cm. Após isso, passe o cabo de aço entre a trama do tecido da sapateira, que poderá ser enfeitada com fitas e enfeites. Os lambe-lambes serão fixados na parede com a cola misturada em água, trazendo indicações de uso, cuidado e convidando as pessoas a pensarem sobre a intervenção. Coloque a sapateira no poste, com o cabo de aço e os conectores em barra, usando uma chave de fenda. Coloque, enfim, a terra nos bolsos e a plante as mudinhas.

A ideia dos Recados Urbanos é mais simples. Escolha um poste situado em alguma rota – ou de alguém que deseje surpreender – e escreva uma mensagem para a cidade e para os seus concidadãos em uma fita de cetim, que será afixada no poste com um laço.

#4 Resultados

Conversar sobre e com a cidade pode ser um modo fértil de fortalecer laços comunitários e ativar explorações do território por parte da escola. Propor aos estudantes a intervenção no espaço público cria pertencimentos e destrava potenciais de transformação nas pessoas e cidades. O que uma horta em um poste, em uma viela ou em frente à casa de uma família, pode gerar?

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“Existe um pensamento de que na rua tudo é proibido e nada te pertence. Precisamos fazer as pessoas verem que a cidade é de todos”, analisa Dayana, ressaltando que as transformações podem ir muito além da vida escolar, extrapolando para coletivos e cidadãos interessados em mudar a cara do espaço urbano. “A ideia é dar utilidade aos aparelhos da cidade”, conclui Francisco Alvares, que também integra o Coletivo Escala Humana.

Saiba mais na página do Coletivo Escala Humana ou na matéria Coletivo embeleza postes de energia em São Paulo, do Portal Aprendiz.

Práticas

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