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publicado dia 22 de fevereiro de 2017

Tião Rocha: “Eu não quero tirar os meninos da rua, eu quero mudar a rua”

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Nos primeiros minutos de entrevista, viajamos com Tião Rocha para a sua infância, 60 anos atrás. Ele, aos 7 anos de idade, iniciava sua vida de estudante em Belo Horizonte, sua cidade natal, no Grupo Escolar Sandoval de Azevedo. De lá, traz recordações ainda bastante vivas em sua memória. “No primeiro dia, fomos colocados em uma sala de livros, sentados no chão e a professora se pôs a ler As mais belas histórias, de Lucia Casasanta, um clássico da minha época”, rememora o educador, um dos homenageados pela Associação Cidade Cidade Escola Aprendiz, em ocasião da comemoração dos 18 anos da organização.

E foi no meio do “era uma vez, num país muito distante, um rei e uma rainha…” que surgiu a mão erguida de Tião, pré anunciando a fala eufórica que viria em seguida: “professora, eu tenho uma tia rainha”. O anúncio teve resposta imediata. Um pedido da docente de que ele permanecesse quietinho, acompanhando a leitura, o que não foi prontamente atendido por Tião, afinal, dá para imaginar o quão empolgante é para um garoto de 7 anos se ver como parte de uma história.

Ele insistiu na fala por mais duas vezes. Até que chegou o momento do “cala a boca”, seguido da ida à sala da diretora e da ameaça de ser expulso da instituição, por interromper a leitura e chacotear sobre a história de uma rainha parente. “Eu nunca mais abri a boca”, recorda o educador.

Entrevista com Tião Rocha

É por entender a educação como um movimento plural que Tião Rocha defende que a escola seja um dos espaços promotores de aprendizagem, mas não o único. “A escola é meio; a educação é fim. Por isso, ela [a escola] não é mais importante do que as praças, os parques, o território“, atesta.

Para o educador, a rua é o lugar onde se vive a cidadania plena e as crianças e jovens não devem ser privados deste convívio durante seu desenvolvimento. “É o lugar da festa, da religiosidade, do carnaval, das nossas manifestações políticas. Por que queremos tirar os meninos dela em vez de a tornarmos um espaço de aprendizagem permanente, produtor de generosidade e solidariedade?”, questiona.

Em entrevista ao Centro de Referências em Educação Integral, Tião Rocha fala sobre a educação enquanto promotora do desenvolvimento integral dos estudantes, o papel da escola e a importância da formação docente nesta perspectiva e a necessidade do diálogo com o território, seus espaços e equipamentos. Confira!

Por Ana Luisa Basílio, do Centro de Referências em Educação Integral.

 

 

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